Inativação de plasmídeos por uma cevada etíope: Uma abordagem natural de alimentação para reduzir a resistência aos antimicrobianos mediada por plasmídeo

Os plasmídeos bacterianos são elementos genéticos que podem carrear genes de resistência antimicrobiana, podendo ser trocados entre bactérias, atuando como “mensageiros” e assim contribuir para o surgimento de bactérias multirresistentes. O principal objetivo deste projeto foi avaliar o potencial de um cultivar de cevada etíope (Hordeum spontaneum) em eliminar plasmídeos carreadores de genes determinantes de resistência antimicrobiana.

A primeira etapa consistiu em testes in vitro para avaliar o efeito de extrato bruto e frações do cultivar da cevada etíope na capacidade de inativar os plasmídeos em cepas bacterianas referência e selvagens.  A segunda etapa foi desenvolver um teste in vivo com infecção experimental murina e avaliar, por metagenômica, o efeito do tratamento com o extrato bruto e frações da cevada.

Os ensaios in vitro mostraram que o crescimento bacteriano não era modificado pela exposição à cevada etíope, independentemente da presença ou não de antibiótico. Essa avaliação inicial mostrou que, nas condições experimentais e concentrações utilizadas o extrato de cevada etíope não foi capaz de induzir uma redução significativa de plasmídeos de resistência. Por outro lado, a redução de população bacteriana e aumento dos halos de inibição aos antimicrobianos após exposição ao extrato em algumas cepas sugerem uma possível interferência metabólica, com aumento da permeabilidade em particular frente às cefalosporinas e carbapenêmicos, ou ainda a modulação da expressão de beta-lactamases pelos plasmídeos.

A inovação do projeto está na estratégia de “matar o mensageiro, não a bactéria” para lidar com o problema do aumento de resistência a antibióticos.

Dentro de uma perspectiva de saúde única, o projeto propôs uma abordagem suplementar para prolongar a vida útil de novos antimicrobianos e estender a capacidade das terapias animais e humanas existentes por meio da eliminação da eliminação de plasmídeos carreadores de genes de resistência, atacando assim um dos mecanismos envolvidos no processo de resistência antimicrobiana. A redução da resistência antimicrobiana em bactérias de origem animal e no seu habitat poderia levar a uma contribuição considerável para a atual carga antimicrobiana, não só pela redução de bactérias resistentes liberadas no meio ambiente, mas também uma possível nova ferramenta terapêutica.

Alguns dos próximos passos previstos serão avaliar a concentração do extrato com potencial de cura em outras populações bacterianas, diversificar a ação do extrato em diferentes classes de antimicrobianos, determinar capacidade de cura em outras espécies, tipos de plasmídeo e marcadores de resistência e identificar a fração ativa do extrato de cevada por meio de técnicas cromatográficas.