Nascer saudável: estudo prospectivo de avaliação da implantação e dos efeitos de intervenção multifacetada para melhoria da qualidade da atenção ao parto e nascimento em hospitais no Brasil

Maria do Carmo Leal

Pesquisadora Titular da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Nome do projeto

Nascer saudável: estudo prospectivo de avaliação da implantação e dos efeitos de intervenção multifacetada para melhoria da qualidade da atenção ao parto e nascimento em hospitais no Brasil

O que é

A pesquisa avaliou os impactos do programa Parto Adequado, desenvolvido pela ANS, Hospital Albert Einstein e já implementado em 143 hospitais privados brasileiros com o objetivo de reduzir cesáreas desnecessárias e incentivar o parto normal de qualidade.

Como foi o experimento

O estudo analisou doze hospitais participantes do Parto Adequado. Em cada um deles, entrevistou cerca de 400 mulheres que tiveram seus bebês nestas instituições selecionadas, num total de 4800 entrevistas. Entre as perguntas, estavam questões que tentavam identificar a qualidade do atendimento como um todo, as práticas adotadas no momento do parto e o tipo de parto: cesariana ou normal.

Principais resultados

O estudo verificou diminuições em cesáreas que variaram de 4,5% a 19,5% de acordo com o hospital, numa média de 10%. Também notaram uma redução de 10% nos chamados recém-nascidos termo precoce, os bebês que nascem entre 37 e 38 semanas, um pouco abaixo das 39-40 consideradas ideias. Estes nascimentos estão muito associados às cesarianas agendadas.

Por que é inovador

É a primeira vez no Brasil que um programa focado na redução de cesáreas em hospitais privados é avaliado por um estudo independente.

Problema que soluciona

Melhoria do procedimento do parto vaginal, com maior qualidade de atendimento e conforto da gestante. Como consequência, o programa reduz o excesso de cesáreas realizadas em hospitais privados no Brasil. Nestas instituições, nove em cada dez partos são por intervenções cirúrgicas que, em 2018, responderam por 55% dos nascimentos em todo o país.

Implicações para o sistema de saúde brasileiro

O estudo mostrou que o programa foi eficaz na redução de cesáreas desnecessárias e para garantir uma maior qualidade de atendimento da gestante no parto, oferecendo evidências para fundamentar sua ampliação a outros hospitais privados e operadoras de planos de saúde do país. Também poderia ser oferecido a hospitais da rede pública.

Implicações para a saúde global

Com as devidas adaptações, o programa pode ser eficaz em outros países que enfrentem altas taxas de cesáreas desnecessárias e sem indicação médica.

Próximos passos

O grupo de pesquisa negociou a publicação de um número temático na revista científica “Reproductive Health”, com 12 artigos produzidos com dados deste estudo para o ano de 2021. Serão publicados resultados detalhados da análise da implantação dos componentes da intervenção, barreiras encontradas, impacto alcançado para puérperas e recém-nascidos, considerando-se as características maternas e fatores de risco. Além disso, serão também publicados a análise de custo-efetividade e sustentabilidade da intervenção, além da satisfação das mulheres com a experiência vivenciada.

Matéria sobre o projeto

A intervenção que contribui para a redução de cesáreas em hospitais privados

Nove em cada dez partos realizados em hospitais privados do Brasil são cesarianas. O país está entre os que mais recorrem a essas intervenções cirúrgicas que, em 2018, responderam por 55% do total de nascimentos no país. Os dois índices são muito superiores aos recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que estabelece que eles […]
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