Quarenta Semanas: intervenção inovadora no pré-natal para a redução da prematuridade
José Maria Lopes
Nome do projeto
O que é
O estudo adaptou e implementou pela primeira vez no Brasil o pré-natal em grupo – com dez mulheres e oito encontros mensais – como forma de aumentar o acesso ao atendimento de qualidade às gestantes e testar os impactos da intervenção.
Como foi o experimento
Adaptada dos Estados Unidos e Europa, a intervenção incluiu 86 gestantes brasileiras – outras 248 receberam o pré-natal individualizado tradicional, como controle. Divididas em grupos de dez, as grávidas que participaram do estudo se reuniram uma vez por mês durante oito encontros em clínicas da família do Rio de Janeiro. Elas recebiam um manual em linguagem fácil com um guia para que elas mesmas conduzissem os encontros apoiadas por uma enfermeira e um obstetra. No local, faziam controle de peso, mediam a pressão arterial, realizavam ultrassom e a coleta de exame de urina. Para avaliar o impacto da intervenção, foram aplicados três questionários e analisados os desfechos após o parto com base no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC).
Principais resultados
A taxa de prematuridade entre os bebês cujas mães receberam a intervenção foi de 8% contra 11% das que tiveram o pré-natal convencional – a mesma da cidade do Rio de Janeiro.
Por que é inovador
É a primeira vez que o pré-natal em grupo é implementado no Brasil e teve seus efeitos medidos e avaliados.
Problema que soluciona
Baixa qualidade ao pré-natal de qualidade. Apesar da cobertura do serviço ser considerada praticamente universal no Brasil, nem sempre é adequado. Segundo Pesquisa Nascer no Brasil, com 23894 mulheres, 60% das gestantes ainda iniciam o pré-natal tardiamente, depois das 12 semanas de gestação. Além disso, um quarto delas passa por menos de seis consultas, número mínimo recomendado pelo Ministério da Saúde.
Custo da solução
Embora não tenham realizado análises de custo-efetividade, os pesquisadores estimam que com 8000 reais mensais é possível manter a equipe de uma enfermeira e um médico e a estrutura funcionando em quatro encontros de duas horas por mês ou um por semana dentro de uma unidade de saúde.
Implicações para o sistema de saúde brasileiro
Com o treinamento adequado da equipe, é possível expandir o pré-natal em grupo para clínicas de saúde da família de outras cidades. Os pesquisadores já foram procurados por gestores do Rio para isso, mas as conversas não caminharam para a implementação.
Implicações para a saúde global
Com as devidas adaptações de linguagem e de conteúdo do manual das gestantes para o contexto local, é possível expandir o programa para outros países.
Próximos passos
Os pesquisadores consideram o estudo como uma primeira prova-conceito de que o pré-natal em grupo pode reduzir as taxas de prematuridade. Planejam agora obter financiamento adicional para um segundo estudo, com uma amostra maior de 800 mulheres, em outras cidades ou capitais.
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Matéria sobre o projeto
O pré-natal em grupo, de baixo custo e acessível, que é capaz de reduzir partos prematuros
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