A mudança climática ameaça o progresso do desenvolvimento e saúde global conquistados com muito esforço e coloca em risco a saúde, o bem-estar e a subsistência das gerações futuras, com um impacto especial nas mulheres. O Acordo de Paris de 2015 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável sinalizaram a promessa dos líderes globais de agir – para limitar o aumento da temperatura média global em 1,5 °C até 2040 e evitar os piores efeitos da mudança climática na saúde e no desenvolvimento. Embora ninguém esteja a salvo desses riscos, as pessoas cuja saúde e bem-estar estão sendo prejudicados em primeiro lugar e mais gravemente pela crise climática são também as que menos contribuem para suas causas e as que menos têm condições de proteger a si mesmas e a suas famílias contra isso, ou seja, as pessoas de países e comunidades de baixa renda e desfavorecidos. Em locais de baixa renda, o aumento da temperatura, os eventos meteorológicos extremos, as mudanças nos padrões de precipitação, a subnutrição relacionada ao clima, as mudanças na duração dos surtos de malária e de outras doenças transmitidas por vetores similares à malária, as doenças transmitidas por água e alimentos, e o aumento do potencial para o surgimento de novas doenças prejudicam os sistemas de atendimento básico à saúde e as estruturas comunitárias de saúde já deficientes. Isso prejudica o acesso, a disponibilidade, o fornecimento e a adoção de serviços essenciais de saúde para as populações mais vulneráveis. A mudança climática também pode afetar de forma desproporcional a saúde e o bem‑estar financeiro de mulheres e meninas: o calor extremo aumenta a incidência de natimortos, a disseminação desenfreada de doenças transmitidas por vetores prejudica os desfechos maternos e neonatais, e as disparidades de gênero amplificadas pela mudança climática podem diminuir a participação das mulheres nos ganhos econômicos agrícolas. Essas mesmas mudanças climáticas e meteorológicas também afetam negativamente todos os aspectos da atividade agrícola, uma importante fonte de renda para as pessoas de baixa renda
Essa solicitação de propostas do Grand Challenges busca projetos inovadores de pesquisa e projetospiloto/projetos de viabilidade que utilizem abordagens transdisciplinares para melhor adaptação, mitigação ou reversão dos efeitos combinados e deletérios da mudança climática na saúde, vida das mulheres e agricultura nas regiões geográficas de interesse. Essas inovações incluem sistemas de alerta precoce e de vigilância sanitária para responder a surtos de malária e outras doenças transmitidas por vetores desencadeados por eventos climáticos, bem como um mapeamento aprimorado da expansão da gama de vetores e da transmissão de doenças disseminadas por vetores. Será dada preferência a inovações formuladas localmente ou adaptadas de outros contextos. Estamos especialmente interessados em 1) inovações em nível de sistema, lideradas localmente, que sejam escalonáveis e sustentáveis e 2) soluções transversais na interseção de várias disciplinas científicas e de engenharia.