Nascidos vivos prematuros em São Paulo: uma abordagem espacial

Silvia Regina Dias Medici Saldiva

Instituto de Saúde, São Paulo (SP)

Nome do projeto

Nascidos vivos prematuros em São Paulo: uma abordagem espacial

O que é

O estudo avaliou a influência da poluição do ar e de fatores sócio-ambientais na prematuridade e mediu os riscos para cada um deles.

Como foi o experimento

Primeiramente, a equipe analisou as diferentes taxas de prematuridade nos 96 distritos administrativos da capital paulista e selecionou para o estudo dois com alta prevalência: Tremembé e Pedreira – com uma taxa ao redor de 14% – e um com baixa, Jardim Ângela (9%). A média da cidade de São Paulo é de 11%, equivalente à nacional. Os pesquisadores cruzaram os dados do Sinasc com os da prefeitura para se obter os endereços das casas das três foco do estudo. Depois, o grupo realizou pessoalmente entrevistas com as mães dessas crianças. Foi aplicado um questionário com mais de 100 perguntas divididas em sete blocos – entre elas questões relacionadas à educação, saúde e fatores socioeconômicos da mulher e da família e à assistência pré-natal. Foram sorteados 480 domicílios na Zona Norte, 438 na Zona Sul (Pedreira) e 389 na Zona Sul (Jd. Ângela). As casas num raio de até 400 metros que haviam registrado crianças nascidas a termo, com mais de 37 semanas de gestação e consideradas como controle, também receberam a visita de um entrevistador para a aplicação do mesmo questionário. Para medir os índices de poluição do ar em cada localidade escolhida, a equipe instalou filtros e recolheu cascas de árvores para avaliar a concentração de poluentes nelas.

Principais resultados

A análise identificou manganês e chumbo, resultados da queima de combustíveis fósseis de veículos pesados como caminhões a diesel e carros, que circulam por essas vias. Verificaram que a poluição aumenta em duas vezes o risco de prematuridade. Também foram identificadas falhas no atendimento pré-natal, como menos consultas do que o recomendado, que podem levar a um aumento de 1.7 no risco de ter um bebê antes das 37 semanas. Filtros e cascas de árvore se mostraram medidores confiáveis de poluição do ar na ausência de estações.

Por que é inovador

Foi a primeira vez que se mediu o risco da poluição do ar para prematuridade na cidade de São Paulo e que se validou a medição de poluentes por meio da casca de árvores.

Problema que soluciona

O estudo apresentou uma maneira confiável de medir a poluição do ar de maneira geolocalizada na cidade e de se avaliar seus efeitos sobre as mulheres e recém-nascidos.

Implicações para o sistema de saúde brasileiro

O estudo reforçou a importância do pré-natal de qualidade para a diminuição dos riscos de prematuridade e a necessidade de se conter a poluição do ar por veículos pesados e leves nas grandes cidades como medida de saúde pública não só para a população em geral, mas especialmente para as grávidas.

Implicações para a saúde global

Filtros e cascas de árvore são maneiras baratas e efetivas de se medir qualidade do ar em países e localidades sem estações de medição.

Matéria sobre o projeto

O estudo sobre a poluição do ar e o parto prematuro

Evidências do recém-criado conceito de saúde planetária (Planetary Health) mostram que a saúde e o bem-estar humano dependem cada vez mais da boa forma da Terra. Estudos já mostraram que condições ambientais, sobretudo a poluição do ar, afetam também os bebês que ainda estão sendo gerados ou que acabaram de nascer. Faltava quantificar esses riscos e entender […]
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