Associação entre microbiota fetal, prematuridade e morbidades do recém-nascido pré-termo
Renato Procianoy / Luiz Fernando Roesch
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O que é
O estudo teve o objetivo de identificar a relação entre o conjunto de microorganismos (microbioma) de gestantes e de seus recém-nascidos e de mapear alterações que podem desencadear o parto prematuro e outras complicações em bebês nascidos antes das 37 semanas.
Como foi o experimento
A equipe coletou amostras de fezes e de esfregaços vaginais (swabs) maternos e o primeiro mecônio (primeiras fezes) dos recém-nascidos de 123 mães de bebês a termo e 490 de mães de prematuros. Durante a internação hospitalar dos prematuros, os pesquisadores também coletaram 250 amostras de fezes para acompanhar alterações do microbioma. Do total das 740 amostras, 613 foram processadas e tiveram sequenciado seu rRNA, responsável por originar os ribossomos, partes da célula onde ocorre a síntese de proteína, para identificar os microorganismos presentes ali.
Principais resultados
Foram encontradas em maior quantidade as bactérias Citrobacter koseri, que podem causar meningites, e ou Klebsiella pneumoniae, ligada a infecções hospitalares. A equipe também identificou mudanças na interação entre as comunidades de bactéria. Ao longo da internação, uma série de fatores pode ter contribuído para estas mudanças: o ambiente da UTI neonatal, a alimentação e também intervenções médicas, como o uso de antibióticos. Os gêneros microbianos mais fortemente associados a sepse neonatal foram: Paenibacillus, Caulobacter, Dialister, Akkermansia, Phenylobacterium, Propionibacterium, Ruminococcus, Bradyrhizobium e Alloprevotella. A proporção média das espécies de Escherichia e Clostridium, capazes de causar infecção, foi sempre maior entre os bebês que receberam fórmula comercial do que naqueles com leite materno apenas.
Por que é inovador
É a primeira vez que se avalia no Brasil as possíveis associações entre o microbioma materno e fetal e as consequências no desfecho dos partos e em complicações para a saúde do bebê, como enterocolite necrosante e sepse. A pesquisa também verificou variações do microbioma em relação à alimentação durante os primeiros 28 dias. O leite materno exclusivo estabelece uma microbiota bem mais diversa e variada do que aquela obtida com a alimentação mista, com fórmulas comerciais.
Problema que soluciona
Compreender os fatores que desencadeiam a prematuridade pode ajudar a preveni-la. De acordo com um levantamento do Centro Paulista de Economia da Saúde da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), entre 2009 e 2011, o custo médio de 51 dias de internação de prematuros é de R$ 25.389,84 por criança. Considerando os cerca de 300.000 bebês que nascem antes do tempo todo ano no Brasil, o parto prematuro teria um custo de aproximadamente 8 bilhões de reais por ano.
Implicações para o sistema de saúde brasileiro
Entender as interações entre os microbiomas da mãe e do bebê e as mudanças ao longo dos primeiros dias de vida contribui para compreender melhor os fatores que desencadeiam o parto prematuro e complicações durante os primeiros dias de vida.
Implicações para a saúde global
As mesmas para a saúde brasileira.
Próximos passos
Os pesquisadores vão utilizar o material coletado para uma segunda fase de análises. A ideia agora é investigar quais fatores do microbioma materno podem ter relação com o desenvolvimento de enterecolite necrosante no bebê. Também pretendem verificar a relação da microbiota materna e neonatal com o aparecimento da pré-eclâmpsia.
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Estudos publicados
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