Influência do microbioma vaginal e dos metabólitos vaginais na remodelagem cervical e parto pré-termo

Antônio Fernandes Moron

Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)

Nome do projeto

Influência do microbioma vaginal e dos metabólitos vaginais na remodelagem cervical e parto pré-termo

O que é

O estudo identificou microorganismos, substâncias e compostos do microbioma vaginal que poderiam indicar com maior sensibilidade um encurtamento do colo do útero e, portanto, um risco maior de parto prematuro. O objetivo foi avaliar se era possível acrescentar um terceiro fator de predição de riscos aos dois já existentes (histórico da paciente e comprimento do colo).

Como foi o experimento

A equipe coletou duas amostras vaginais de 568 mulheres grávidas entre 18 e 24 semanas em hospitais de três cidades brasileiras: São Paulo, Jundiaí e Fortaleza. Os pesquisadores mapearam microorganismos, substâncias e diversos compostos pró-inflamatórios presentes na flora vaginal que poderiam ter relação com o encurtamento do colo do útero e parto prematuro. O comprimento do colo do útero foi avaliado por ultrassonografia transvaginal.

Principais resultados

As análises concluíram que dois marcadores eram indicadores confiáveis do problema: baixos níveis de D-ácido lático e alta concentração de TIMP-1 (inibidor tecidual de metaloproteinase 1), um marcador de processo inflamatório que ocorre durante uma infecção.

Por que é inovador

É a primeira vez que se chega a uma combinação confiável de dois marcadores (D-ácido lático e TIMP-1) para indicar risco de parto prematuro em associação com as características maternas e a medida do colo uterino.

Problema que soluciona

Nascimentos espontâneos antes do tempo respondem hoje por dois terços dos partos prematuros no Brasil e por 35% das 3,1 milhões de mortes de recém-nascidos no mundo. Em locais com poucos recursos e sem um ultrassom disponível, essa previsibilidade diminui ainda mais. Aferir esses riscos com precisão de maneira simples e barata pode nos ajudar a prolongar a gestação e evitar internações e mortes de bebês. Atualmente, o Ministério da Saúde gasta 800 milhões de reais por ano com internações em UTIs pediátricas Brasil. Seriam necessários mais estudos para estimar quanto poderia custar um possível teste diagnóstico baseado nessa combinação de compostos.

Implicações para o sistema de saúde brasileiro

Se o teste se mostrar eficaz, seria possível identificar – e tentar evitar com os protocolos de tratamento adequados – ao redor de 120 mil dos 300 mil partos prematuros realizados no Brasil por ano, segundo estimativas dos pesquisadores.

Implicações para a saúde global

Caso se prove efetivo, o método de diagnóstico pode ser empregado em qualquer país do mundo e seria uma alternativa ao ultrassom transvaginal, que nem sempre está disponível nos sistemas de saúde de países em desenvolvimento e com poucos recursos.

Próximos passos

A equipe busca financiamento para uma nova pesquisa que testaria a eficácia do método no primeiro trimestre de gestação e a viabilidade de transformá-lo num diagnóstico barato e simples, similar a um teste de gravidez. Também pretendem analisar a influência dos vírus no comprimento do colo do útero pela primeira vez na literatura.

Matéria sobre o projeto

Bactérias podem indicar risco de parto prematuro e levar a teste diagnóstico inédito no mundo

A humanidade é capaz de prever tempestades e asteroides em rota de colisão com a Terra. No entanto, ainda não conseguimos avaliar com precisão quando uma gestante pode ter um parto prematuro espontâneo, ou seja, antes das 37 semanas de gestação. Atualmente há apenas duas formas de avaliar esse risco: se a mulher já teve […]
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