O estudo desenvolveu e implementou pela primeira vez no Brasil uma intervenção para estimular prematuros conduzida por seus pais, familiares e cuidadores desde a UTI Neonatal até os dois anos de idade. A pesquisa mediu os efeitos do programa em diversas áreas do desenvolvimento: motor, cognitivo e emocional (vínculo entre criança e cuidador).
Primeiramente, o grupo de pesquisa elaborou um material explicativo e ilustrado para orientar pais e cuidadores sobre as técnicas de estimulação de prematuros. Com o folder pronto, 88 prematuros escolhidos randomicamente foram submetidos ao programa de estimulação (grupo intervenção) e ou aos cuidados convencionais (grupo controle). Além da utilização da metodologia canguru, os cuidadores aprendiam os exercícios de estimulação que deveriam ser realizados tanto no hospital quanto em casa. Após a alta, uma equipe multiprofissional, com enfermeiras, médica pediatra e nutricionistas (com orientação de uma fisioterapeuta) visitava as crianças do grupo intervenção em casa uma vez por mês até completarem 18 meses. O objetivo era checar se as orientações dadas estavam sendo bem entendidas e realizadas em casa.
O grupo de crianças que recebeu os cuidados especiais dos pais teve uma interação superior à esperada já na UTI Neonatal e, aos oito meses, uma melhora significativa das habilidades motoras. No grupo intervenção, apenas 24% das crianças apresentaram desenvolvimento abaixo do normal contra 54% no controle.
É a primeira vez que um estudo avalia os efeitos de um programa de estimulação para prematuros no desenvolvimento neurocognitivo e na habilidade de fortalecer vínculos entre mãe e filho.
O projeto oferece um programa de estimulação barato e de fácil execução pelos pais e cuidadores para diminuir os impactos e efeitos nocivos da prematuridade sobre o desenvolvimento infantil.
Os resultados demonstram que o programa foi eficaz para melhorar o desenvolvimento motor, cognitivo e para fortalecer os vínculos entre as crianças e seus cuidadores. As visitas domiciliares após a alta se mostraram essenciais. É possível capacitar agentes de saúde e profissionais de Unidades Básicas de Saúde para realizar visitas e acompanhar a estimulação de prematuros em locais de maior vulnerabilidade social.
Com as devidas adaptações de linguagem e de conteúdo do material sobre estimulação, é possível expandir o programa e o treinamento de cuidadores para outros países.
Os pesquisadores agora querem investigar os efeitos da estimulação aos três e quatro anos de idade da criança, quando ela já começa a frequentar a escola. Além disso, pretendem produzir um manual com orientações práticas e fáceis de entender para que a população tenha acesso a informação para poder realizar as manobras em casa.
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