O estudo avaliou pela primeira vez num país em desenvolvimento a combinação de duas ferramentas (um teste de biomarcadores e o protocolo fullPIERS da Organização Mundial de Saúde transformado em algoritmo) para identificar riscos de complicações associados à pré-eclâmpsia. O objetivo foi disponibilizar aos médicos indicadores confiáveis para decidir sobre prolongar a gestação, evitar cesáreas desnecessárias e reduzir os partos prematuros associados à doença. Os pesquisadores também criaram um biobanco com amostras de sangue e urina de 4000 gestantes em três momentos da gestação: no início dela, entre 28 e 32 semanas e no parto.
O estudo testou se o protocolo foi eficaz para prolongar a gestação e reduzir partos prematuros em oito hospitais do Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. O objetivo foi recrutar 1200 mulheres nestes centros, que eram sorteadas aleatoriamente. À medida que eram escolhidas ofereciam o protocolo para todas as gestantes com pré-eclâmpsia confirmada ou suspeita admitidas nas maternidades com menos de 37 semanas de gestação. a equipe criou um biobanco com amostras de sangue e urina de 4000 mulheres durante o pré-natal em três momentos da gestação: no início dela, entre 28 e 32 semanas e no momento do parto. Amostras das gestantes com pré-eclâmpsia que fizeram parte do teste clínico dos dois testes também foram acrescentadas a esse repositório.
A equipe ainda está tabulando os dados para os seguintes desfechos:
É a primeira vez que a combinação do teste que mostra a relação de sFlT-1 (tirosina quinase solúvel) e o PlGF (fator de crescimento placentário) e o protocolo fullPIERS (Pre-eclampsia integrated estimate of risk) foi implementada e avaliada num país em desenvolvimento. O objetivo foi embasar decisões seguras dos profissionais de saúde sobre a melhor conduta diante da pré-eclâmpsia.
A ferramenta ajuda o médico na tomada de decisão sobre a melhor conduta a seguir diante de quadros de pré-eclâmpsia: realizar uma cesárea de emergência para garantir a vida da mãe e do bebê ou prolongar a gestação por mais um tempo para evitar um parto prematuro.
Se o protocolo se mostrar eficaz para auxiliar o médico na tomada de decisão e na redução da prematuridade, pode ser implementado nos serviços de saúde. O grupo está conduzindo estudos de custo-efetividade, mas espera-se que a diminuição de partos prematuros gere uma menor taxa de admissão de recém-nascidos em UTIs neonatais com consequente redução de custos.
A pré-eclâmpsia entre as três principais causas de mortalidade materna no mundo e é especialmente devastadora no continente africano, já que o risco de hipertensão é maior entre mulheres negras. Se o estudo mostrar que o protocolo é eficaz, será preciso baratear e simplificar o teste de biomarcadores – talvez usar um dos dois indicadores – para viabilizá-lo em escala.
A equipe pretende avaliar os impactos econômicos pelas ações de prevenção da pré-eclâmpsia e de redução da prematuridade pelo retardo da interrupção da gestação. Também estão concluindo uma pesquisa de satisfação com os profissionais, para avaliar o uso do novo algoritmo, e das gestantes que receberam os cuidados.
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